domingo, 29 de novembro de 2009

homossexualidade Na Escola

homossexualidade Na Escola

Por Anderson Santos

A escola, primeira vida social da criança e do adolescente, é o lugar onde aprendemos a história da nossa e de outras sociedades, lógica e línguas, política e diversos outros assuntos. Mas será que aprendemos tudo o que necessitamos? Será que a escola prepara os alunos para enfrentar a vida? Pois não podemos esquecer que os alunos são seres humanos, têm sentimentos, problemas, conflitos e a escola deve auxiliá-los em todos esses pontos também...

Existe o ditado "A escola é nossa segunda casa", não? Mas a realidade dos alunos e a das escolas é mais difícil, variando de lugar para lugar. O preconceito e a desinformação está incrivelmente acentuada nos jovens. As direções de escolas muitas vezes fecham os ouvidos para não participar de conflitos. Em escolas particulares o caso se complica pelo fato de que a imagem da escola deve ser de agrado aos pais, e isto termina muitas vezes na indiferença para não serem tachadas de disseminadoras de homossexualidade ou qualquer outro tabu. O colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo, para driblar este problema e auxiliar todos os alunos, possui uma matéria específica para tratar dos problemas sociais, e um dos temas tratados nessa aula é exatamente a homossexualidade.

Nas escolas da rede pública não acontece o mesmo, pois a grade curricular não é voltada para esta formação, mas ainda assim alguns professores tomam a iniciativa e tratam deste assunto nas suas respectivas matérias. Um exemplo disto é a prof.ª de Biologia Maria Elvira Martins de Souza, que quando é possível aborda a homossexualidade enquanto fala sobre sexo nas suas aulas, tentando quebrar toda a desinformação que muitas vezes existe nos alunos. “Eu tento ajudar no que posso, pois sei que esta é uma fase onde os alunos são preconceituosos para manter um status. Sei de alunos meus que têm problemas particulares e que desconfio que têm dúvidas sobre a sua preferência sexual, mas não posso fazer nada, afinal estes ao vêm me procurar. Porém, ainda assim, tento esclarecer as dúvidas mais comuns desta fase para a classe toda”, disse ela. Na opinião da Profª de História Regina Helena Barella Pepe, um dos problemas é que o próprio corpo docente não está preparado para enfrentar uma situação destas. Ela conta um caso onde um amigo dela, também professor, era homossexual e sofria preconceito dos seus colegas de trabalho. “É difícil ajudar um aluno sendo que a direção da escola não está aberta para essa realidade, e os professores não estão esclarecidos”, completa.

Na Escola Técnica Estadual (ETE) Jorge Street em São Caetano do Sul houve um caso de um aluno que sofreu repressões pelo seu jeito e a escola interviu para que o caso não se complicasse, conversou com os pais e os alunos para explicar que há diferenças que devem ser respeitadas. Já no caso do Colégio Jesus Maria José, o aluno Paulo (nome fictício) é assumido e sofre preconceito dos colegas, sendo que muitas vezes ele tem de impor o seu respeito. Mas apesar de tudo, a escola preferiu não intervir. A coordenadora dos alunos da ETE Jorge Street, Neide Maria I. Marques falou de questões como esta: “Nós não podemos abordar o aluno e questionar sobre a situação, pois não temos certeza, temos que esperar que ele venha a nós pedindo auxílio, e então depois intervir”. Na opinião do psicólogo e professor da Faculdade de Educação da USP, Julio Groppa Aquino, uma boa alternativa para as escolas é trabalhar a homossexualidade de forma integrada ao currículo escolar.

Quando questionadas sobre a possibilidade de relacionamentos homossexuais nas escolas, porém, as mesmas mantiveram-se em silêncio, não afirmaram que aceitariam, e a maioria disse que há leis internas que proíbem o relacionamento de alunos até mesmo heterossexuais, nas dependências da escola.

Os alunos das escolas possuem também muita dificuldade para tratar deste assunto. Muitos não possuem opinião formada ou possuem informações errôneas. 45% dos entrevistados das escolas já tiveram contato com homossexuais assumidos, e 30% destes são amigos. Desta porcentagem, 90% estão no segundo e terceiro ano do Ensino Médio, fase em que o jovem já está mais esclarecido. 50% dos entrevistados que possuem amigos gays dizem que tinham preconceito, mas deixaram de lado depois que conhecerem alguém pessoalmente. No Centro Interescolar Municipal (CIM) Alcina Dantas Feijão em São Caetano do Sul, há o caso de Fábio (nome fictício), que sofre preconceito pelos alunos. “O preconceito vai existir em qualquer lugar, mas é claro que varia de região para região. Dou aula em uma escola de classe baixa onde um aluno é assumido e tem de impor respeito para poder se manter vivo, enquanto que na ETE Jorge Street, há você (referindo-se ao repórter Anderson Santos) que por si só já mantém um respeito, e não existem ofensas direcionadas. A educação, o ambiente e a pessoa em questão são fatores que inegavelmente influem, ficando difícil generalizar o que acontece com o jovem homossexual na escola.”, diz a profª Elvira sobre o assunto.

Tudo isto mostra que a sociedade aos poucos vem ficando mais aberta para assuntos do gênero - mas essa é uma questão que ainda tem um longo caminho a percorrer...

Anderson Santos
Reporter do E-Jovens

http://www.armariox.com.br/conteudos/artigos/015-homonaescola.php

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A que ponto chega o preconceito e a discriminação dos corruptos.

27/10/09 - 20h51 - Atualizado em 27/10/09 - 22h16

Requião é aliado 'até contra câncer de próstata', diz associação homossexual

Grupo pede audiência com governador do Paraná, após frase na TV.
Requião relacionou câncer de mama em homens com 'passeatas gay'.

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília

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A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), com sede em Curitiba, pediu nesta terça-feira (27) audiência com o governador Roberto Requião (PMDB), horas depois de ele ter dito que o câncer de mama em homens deve ser "consequência de passeatas gay".

No pedido de audiência, a ABGLT elogia a atuação de Requião e da Secretaria de Segurança Pública. “Gostaríamos de dizer que senhor tem sido considerado um grande aliado dos direitos humanos de todas as comunidades, inclusive da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). O senhor foi um dos primeiros governadores a convocar a 1ª Conferência Estadual LGBT”, diz o ofício.

Segundo a associação, a frase de Requião, dita em um programa da TV educativa do Paraná (veja vídeo acima), “não foi de bom tom”, e cita reportagem sobre o caso publicada mais cedo pelo G1.

“Sabemos que Vossa Excelência gosta muito de humor e realmente o humor ajuda os discursos a serem entendidos melhor pela população. Infelizmente, seu comentário na “escolinha’ do governo do dia de hoje (http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1356762-5601,00.html), colocando que o câncer de mama em homens deve ser uma consequência das passeatas gays (sic) não foi de bom tom. Felizmente, a plateia não deu gargalhadas e o Secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, foi feliz nas suas colocações a respeito”, escreve a ABGLT.

No ofício, a associação destaca o trabalho da Secretaria de Segurança Pública, que “tem feito um trabalho exemplar na captura das quadrilhas neonazistas no estado do Paraná”. Homossexuais são frequentemente alvos de grupos neonazistas.

A associação pede a audiência para discutir o andamento da implementação das propostas aprovadas pela 1ª Conferência Estadual LGBT, realizada em 2008. “Afinal, consideramos o senhor um aliado. Estamos juntos contra todas as doenças, inclusive o câncer de próstata”, diz o pedido assinado pelo presidente da associação, Toni Reis.

O G1 tentou contato com Requião e com assessores durante parte da tarde. A reportagem deixou recados em celulares de assessores para saber se o governador receberia o grupo, mas não teve resposta até o momento. Mais cedo, a assessoria do governo do Paraná disse ao G1 que, "por enquanto", não comentaria as declarações do governador.

sábado, 24 de outubro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Preconceito afasta homossexuais da escola
Quando o assunto é homossexualidade parece que o preconceito do brasileiro começa já na escola. É o que comprovam os dados de uma pesquisa realizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 2004, com estudantes de 13 capitais do país e do Distrito Federal. 25% dos alunos pesquisados afirmaram que não gostariam de ter um colega de classe homossexual. E foram acompanhados por 20% dos pais, que disseram que não gostariam que os filhos estudassem com colegas homossexuais. Teresina não integrou a pesquisa da UNESCO, mas os dados parecem se confirmar por aqui também. Pelo menos é isto o que demonstra a história de Carmem Lúcia Ribeiro, hoje com 24 anos e trabalhando como agente de proteção social, ela ainda não conseguiu esquecer o período turbulento da escola. Com apenas 16 anos, além de enfrentar as dificuldades naturais da adolescência, Carmem teve que conviver com o preconceito de quase todas as colegas de turma, que a isolavam apenas pelo fato de ser lésbica. “Como eu era meio estereotipada, as pessoas da turma começaram a me perseguir. Quando eu chegava à escola, minha carteira estava riscada com o nome de ‘sapatão’. As pessoas também colocavam estas mensagens nos banheiros”, relembra. A perseguição chegou ao ponto de que todas as meninas da sala pararam de falar com a estudante. Para enfrentar a sensação de isolamento e a tristeza, Carmem mergulhou nos estudos. “Eu me sentia muito mal, então resolvi me dedicar bastante aos estudos, pois eu imaginava que se ninguém queria falar comigo eu precisava, pelo menos, me destacar em alguma coisa”, conta. A estratégia deu certo, depois de um ano de perseguição, ela mudou de turma na escola e acabou encontrando um ambiente livre de hostilidades. “Acabei conquistando bons amigos e, no fim das contas, consegui concluir meus estudos”, diz. Mas nem todas as histórias têm finais felizes como o de Carmem. Estudos demonstram que a evasão escolar é grande entre os homossexuais. As travestis são as que costumam sofrer maior preconceito. Estudo realizado no Rio de Janeiro, em 2003, demonstrou que 90% das travestis pesquisadas que abandonaram os estudos, o fizeram por causa da discriminação. Professores não sabem lidar com discriminação em sala de aulaO professor Herbert Medeiros, que atua na rede estadual de ensino do Piauí, conta que os casos de preconceito como os sofridos por Carmem são comuns nas escolas locais. “A gente percebe o preconceito de um modo geral. E na escola isto não é diferente. Geralmente, este preconceito é direcionado para aquele aluno que tem um padrão de comportamento diferente do que se convencionou chamar de normal”, explica. Segundo Herbert, mesmo quando este preconceito assume uma face mais agressiva, muitos professores optam por não interferir, o que prejudica os alunos vítimas de perseguição. “Existem certos tabus dentro das escolas. Alguns temas mais espinhosos que os professores não abordam e isto pode levar aquele aluno vítima a, inclusive, desistir dos estudos”, destaca. Certas vezes, além de não saber lidar com a questão, o preconceito está no próprio professor. “A escola é um lugar de formadores de opinião, mas, muitas vezes, na minha sala de aula o próprio professor fazia alguma piada maldosa sobre homossexuais e acabava atiçando o restante dos adolescentes”, denuncia Carmem.Durante todo o ano de 2008, o professor Herbert Medeiros participou do projeto Direitos Humanos: Tô dentro, executado em escolas públicas de Teresina pelo Matizes, grupo que atua na defesa dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais do Piauí. Durante o trabalho, foram realizadas oficinas com estudantes que abordaram questões de discriminação e preconceito dentro de algumas escolas de Teresina. A ação permitiu identificar muitos casos de preconceito não só contra homossexuais, mas contra todos os estudantes que fugiam de um determinado padrão. “Foram muitos os enfoques. Mas ficou destacada esta questão da violência diante da diferença. Muitas vezes não é uma violência física, mas uma violência emocional, que o professor deve estar preparado para identificar e lidar com a questão. Mas, na maioria das vezes, isto não acontece”, alerta Herbert. Apesar das dificuldades, exemplos como o de Carmem Lúcia demonstram que mesmo diante dos problemas e do preconceito enfrentado na sala de aula, os alunos homossexuais não devem desistir dos estudos. “A evasão escolar não resolve nada. Está sendo vítima de preconceito? Respire fundo e siga em frente. Procure novos amigos, novas experiências e nunca deixe de estudar. Você vai ficar mais fortalecido com tudo isso”, acredita a jovem.

Autor/Fonte: Clarissa Poty / Jornal O Dia Edição: Arlinda Monteiro

sábado, 17 de outubro de 2009

Olá pessoas,a escolha desse tema tem como objetivo maior debater as questões que encontramos em várias instituições escolares em relação ao tema gênero.
O interesse pelo tema justifica-se pelo fato de eu ser um homossexual que atua como docente das séries iniciais .Meu intuito neste blog é despertar a atenção para a questão do preconceito nas escolas.

No início de minha trajetória na unidade escolar, logo percebi olhares de alguns colegas de discriminação,pelo fato de minha aparência física.
Quando comecei conhecer as instalações da escola, notei que não era o único homossexual neste âmbito, havia um cozinheiro e um faxineiro também. Ao longo dos dias já inserido neste contexto escolar, pude observar como seria importante me dedicar ao máximo para que meu lado profissional fosse o melhor, ao ponto que ultrapassasse os limites do preconceito, fazendo com que houvesse o reconhecimento pelo trabalho que estava desenvolvedo junto aos discentes.
O tempo foi passando e o primeiro obstáculo venci , que foi o de demonstrar que eu era capaz de separar minha vida pessoal da profissional, e obtendo em cada aula dada um grande êxito com os alunos. Nesse decorrer do tempo presenciei um grande preconceito que a diretora cometera contra o cozinheiro da unidade, a discriminação foi tamanha que foi necessário deslocar o cozinheiro pra outra unidade, por que segundo ela, o mesmo não seguia a filosofia da escola .
Como eu tinha amizade com o cozinheiro e ficávamos conversando nas horas vagas, após a saída dele, ela me chamou e me deu uma advertência.Me disse que não queria ver eu conversando com o outro funcionário, pois iria sujar a imagem da escola, e que a filosofia seguida pela escola era pautada a ideologia da igreja católica,e que nossa sexualidade era contra essa filosofia.
Me senti como se estivesse em uma época em que o ensino não era "democrático e laica" frente a tamanha posição da gestora.
Na época não sabia dos meus direitos ,como sei hoje.Continuo atuando na mesmo escola,porem hoje ,a gestora percebe que sei plenamente dos meus direitos,e ja não faz tanto o uso de abuso de poder como antes.

Por isso que decidi abordar tal tema,pois sou uma prova viva desta questão.